27/08/2010

Groove is in the heart



"Porque eu sou do tamanho do que vejo,
e não do tamanho da minha altura."

Alberto Caeiro, in Guardador de rebanhos



Tão perto e estamos tão longe, meu amor. Olha-me uma vez e beija a tua graça, tatuada em mim. Hoje sussurro o teu nome às estrelas e adivinho-te tantos outros em voz alta, na esperança de voltares as costas e cruzares distâncias num só ponto cardinal. Jorge... José... Raios, porque não me olhas? Canta, meu amor. Canta-me como só tu sabes e revelar-te-ei o teu sobrenome, de olhos bem fechados. Jorge José...? José Jorge..., já sentiste uma estrela cadente assolar-te o peito? Já rasgaste a autoria da mais harmoniosa canção de amor, aos ouvidos de outrém? Raios e coriscos, J.J., já viste o buraco donde saíste?? Sei-nos no refrão, meu amor. Sou tua, em corpo e arte. Canta-nos... Suspendo o universo nas minhas mãos, moldo-o e driblo-o ante ti: mão em cima e em baixo, ora me enxergas ou melhor te escondes: no meu olhar e sem corpo que te obedeça à ideia de fuga. Entras no jogo, em requebrado e desvario simultâneos. O teu sangue é já meu e lava-te as veias em tentação e lasciva. Bisa, meu amor – num encore somente nosso coreografam as estrelas a cadência com que esta noite nos brindam. Fintas a constelação e nomeias-me teu norte. Devolves-me ao universo e dizes da performance: “Jacinto. 183 centímetros de amor para dar. Topas?”. Tão longe e estamos tão perto, meu amor. Sob uma estrela secreta por nós alugada, partilhámos fluidos, gritos de amor eterno e as costas do Jacinto. Aplausos saudosos e desmedidos. Teremos sempre os camarins. Jacinto, és demais. Topaste?? Até breve, meu amor...

5 comentários:

Sofia disse...

Hum... não é um amor, mas uma paixão platónica! É JJ de Jacinto e de Já... e sei lá eu? :-) Sei que gosto sempre destes teus passeios. Beijo.

I disse...

Uma verdadeira explosão! Fantástico!

Blogadinha disse...

Sofia, desde que não correspondida.
Obrigado! :)
Bjo

I, para aí com dois metros! :D

CarMG disse...

... e quando a estrela cadente assola ao peito é porque já não há nada a fazer :)nao há mesmo corpo que obedeça à ideia de fuga :)

Gostei :)

Blogadinha disse...

CarMG, fica sempre o desejo - ainda que não concretizado. Grata pela estreia. Volta sempre!