20/03/2016

Liranja do dia




Mariana bebe copos e aprende palavra bonita nos livros que nunca leu. Mariana esgaratuja seu segredo no canto de uma página aberta aos corações clandestinos. Ora um 'gin' ora 'génio' ora 'genuína... mente', cada sílaba absorvida a tempo, e meticulosamente arrotada, pelos trilhos da felicidade. Mariana escreve-te uma página, dois capítulos mais, impressão digital ao peito dos desalinhados, parágrafo sublinhado em sorriso. Duas páginas menos. Ora um 'gin', palavra bonita: feita num oito, o diabo a nove e adentro a excelência do ser sem querer nem dever. Mariana não fumega pela paz. É cachimbista por defeito, expressão naufragada às tontas e à vontade dos poemas partilhados em troca de um beijo salgado – de génio? Ora a leitura. Bebe mais umas frases e engata a existência pela caligrafia. Mariana escrevinha bonito dos dias que amanhecem promessa amarfanhada com sabor a lima limão, sem rodapés à memória que não a liberdade a páginas tantas! Três mais à consideração. Meticulosamente debruçada sobre uma varanda para o mar, em qualquer canto da imaginação: Mariana – sabe-se nos livros que não 'é bem' uma terceira pessoa no universo, segreda nos lábios do amor que a soma de todos os beijos é igual a um e bebe a felicidade de corpo inteiro, que a vida é canto aberto a quem dá na trilha com pé descalço e um verso no coração. Inspira o teu texto senão levas uma lombada! Genuína a mente embriagada na leitura, pois os copos não se bebem. Capítulo encerrado. Ora.

10/09/2015

Coisas desse género



Na verdade sabes como funciona, frequentaste escola na vida ou fizeste de mil e dois sóis a tua escola. Casaste-te, não foi? Não, não foi, quem casa é o padre. Ou o notário. Nota lá bem, quantas criaturas bebem café na vertical – junto ao balcão... às janela e margem de si... junto tempo ao tempo de viver? Chama-me Penélope quando me honrares passagem e coração no teu livro, cruzarei dedos à letra e gosto à brisa da árvore que vos viu nascer. Tiveste 1.3 filhos, um na natureza e três mais por atacado, não foi? Nã... senhora... a mãe é sempre uma querida. Sabes que dia é amanhã? Sábado, ouvi dizer. Não estás contente? Esquece, para a semana há mais. Outro que não o mesmo. Parágrafo e nota desalinhada: o ror de criaturas que dizem o amor com a ponta do dedo – frente ao amoled, à quietude e quiçá frente a frente, algures entre o balcão e a nossa janela. Ah!, interjeição catita, que no peito de um maneta e sua amada surda-muda bate o sentimento em retirada. Ou será Morse, num piscar de olhos. Chama-me o que tu quiseres, que de ti sou, bem me queres. Morreste, não foi? À terceira é de vez e o diabo a quatro, sabes como funciona tal estória: «Beijaram-se à filme português, infindável e insonoro, questionaram o tempo sem pulso nem relógio e pactuaram amor livre até que passasse por eles a camioneta das 18 horas... ou até terminar a greve dos transportes. Choveram chocolates do céu! Ok, com o elevado patrocínio e descuido da lambona do terceiro andar, mas choveram chocolates dos bons. Nesse momento, rebuçado e hollywoodesco, olham-se defronte e firmam caracteres sem filtros: “Da tua metade o meu etc. por inteiro, mas sofro de alergia a frases feitas.” Smile! Empurra as aspas para a direita, alinharei parágrafo. Olha como funcionamos! Ninguém nos casou. Temos 0.3 filhos e um par de marrecos. Reprovámos exame da felicidade mas todos os dias acrescentamos outro sorriso, que não o mesmo, a tal conceito. Fecha aspas. Verdade, morreste. É aquela cena: morremos todos num momento. Mas sem interjeição, a beijoca foi um estrondo – nota benne ou dos efeitos especiais assistidos pelo universo? Chamamentos. Quantas criaturas tardam em amanhecer e quanto sol por amar a tempo. Permuta à nossa alma: dou-te chocolate e dás-me café. Amanhã sabe Deus, que estudou. Nós vivemos.

27/09/2014

Rua Qualquer




----------"Viver é a coisa mais rara do mundo,
-----------a maioria das pessoas apenas existe."

----------------------------------------Oscar Wilde


Nem sei qual a idade do puto. A suficiente mente e tomo-lhe siso de assalto em qualquer fim de rua. Imberbe contra-ataca, sorriso virado da vontade à cabeça, à vontade da cabeça e todo um novo horizonte em perspectiva. Inocente minto-lhe junto à parra, numa declaração rendida e suada em cima de um qualquer fim de ombro. Puto das cem idades saracoteia sua pevide e a penugem nas ventas. Cabeça num ombro, mão nas mãos de um qualquer fim de abraço. Meia-hora a tardar ou a ganhar na perspectiva e somos já sangue da mesma guelra. Das falanges sem cegueira, nó que nos rastilha mentira consentida, intemporal e elevada no horizonte. Erguido sobre um qualquer início de rua, puto diverte-se, sorriso atirado à má-fila, de olhos nas costas e toda uma declaração tomada de assalto: "Wow, tu tens força. És trinca-espinhas mas ainda me consegues levar ao céu!". Inocente, nem sei qual a idade do meu puto. A suficiente para me incendiar uma videira por inteiro e agradecer-lhe chão que já deu uvas. Saracoteio as ventas e contra-ataco: meia-hora, cem mais. Sem princípio nem desígnio a excelência dos pequenos e aromatizados momentos que nos habitam vielas sem licença nem preçário – à nossa conta nos vamos. Sem siso e sorriso feito pedaço ao caminho em toda a sua verdade e wow na firmação.