"Enquanto estiveres viva, sente-te viva!"
Madre Teresa de Calcutá
Mais olhos do que horizonte. À felicidade pouco importa o calor dos dias. Fecho a janela e adormeço a vida em ponto morto. Ressuscito pouco depois, em demandas de veneração, de beijos e de aplausos e tudo o mais a que uma boa história tem direito. Cinco páginas narradas, antecipo o final. Abre a janela e lança-me olhares viperinos. Meto a primeira: “todas as histórias de amor terminam do mesmo modo”.
Carla retoca o batom e sorri-lhe, do banco traseiro. O romancista exercita as suas fartas sobrancelhas. Arremessam-se beijos pelo ar. Carla tem problemas e usa fio dentário. O trânsito padece de transfusão de vivências. Por mim, já vislumbrava o horizonte.
À felicidade pouco importa o frio dos dias. Abro a janela até ao último gemido, bato a morte aos pontos e arremesso as páginas mudas à vida dos outros. O romancista exaspera em silêncio e suor denunciador. Em faixa paralela, a sexagenária Maria oferece-lhe um lenço colorido sem sair do carro. Bordou-o ela, em pontos tão pronunciados quanto a gulodice das suas mãos nas dele.
Rímel e irreverência da imberbe prole, na faixa à nossa esquerda, retocam-me o olhar. Convictos quanto à posse da fórmula do amor, seguram-se com pujança e presunção às folhas caídas, contrapondo-nos anais históricos e carnais sobre o argumento. Meto a segunda: “a sorte está para os audazes como a memória para o ódio!". Carla sorri. Os jovens metem a quarta. Carla tem problemas e usa vibrador...
Mário fecha a janela, quando a derradeira palavra lhe embate na face. Quem sabe o amor de cor, não o sabe verdadeiramente. O romancista agarra a folha, risca o seu fim e sorri. Estaciono num recomeço. Veneramos o horizonte durante horas a fio. À felicidade pouco importa o tempo.
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Carla retoca o batom e sorri-lhe, do banco traseiro. O romancista exercita as suas fartas sobrancelhas. Arremessam-se beijos pelo ar. Carla tem problemas e usa fio dentário. O trânsito padece de transfusão de vivências. Por mim, já vislumbrava o horizonte.
À felicidade pouco importa o frio dos dias. Abro a janela até ao último gemido, bato a morte aos pontos e arremesso as páginas mudas à vida dos outros. O romancista exaspera em silêncio e suor denunciador. Em faixa paralela, a sexagenária Maria oferece-lhe um lenço colorido sem sair do carro. Bordou-o ela, em pontos tão pronunciados quanto a gulodice das suas mãos nas dele.
Rímel e irreverência da imberbe prole, na faixa à nossa esquerda, retocam-me o olhar. Convictos quanto à posse da fórmula do amor, seguram-se com pujança e presunção às folhas caídas, contrapondo-nos anais históricos e carnais sobre o argumento. Meto a segunda: “a sorte está para os audazes como a memória para o ódio!". Carla sorri. Os jovens metem a quarta. Carla tem problemas e usa vibrador...
Mário fecha a janela, quando a derradeira palavra lhe embate na face. Quem sabe o amor de cor, não o sabe verdadeiramente. O romancista agarra a folha, risca o seu fim e sorri. Estaciono num recomeço. Veneramos o horizonte durante horas a fio. À felicidade pouco importa o tempo.
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Ponderar as reticências e tropeçar na sintonia das vírgulas é registo que me ultrapassa sobremaneira. Presente rascunho à prazeria das palavras que o assistiram – a quem o incentivou e a quem assumiu o vício ao país, o meu apreço!
11 comentários:
e numa viagem e espreitadela de espelho retrovisor revisitam-se os amores alheios que de alguma forma também habitam em nós...
não percebo porque não consegues comentar no palavras de queimar! ainda bem que gostastes :) nem sabia que alguém lá ia ehehe.
bju*
Este prato: outra delícia no menu! A felicidade não se deixa prender em anotações... apesar da sua singela personalidade. O passado e os do lado são só sarrabiscos na folha. Beijo!
Oh, fiquei mesma surpreendida quando fui ver o link, agradeço honrada!
P.S.- Depois de ler, fica-se assim a vaguear pensamentos e sensações e às tantas, passado um tempo, começa-se a ouvir a música. As vezes gostava de ir saborear outro e depois deixar a respectiva musica aparecer. E ia-te sugerir colocares um link da musica sempre que um post deixasse de ser o recente. Mas o que é perdivel também tem o seu encanto enquanto dura... Foi só uma saudade do prato completo e das guarnições!
"À felicidade pouco importa o calor dos dias" caiu-me tão bem como uma écharpe colorida ao pescoço...histórias de amor...é preciso viver?! A música também condiz na perfeição! Obrigada por esta viagem!
alucinante, vertiginosa, surreal...
lindo!
meu carinho,
anderson fabiano
Recomeçar... voltar ao início da felicidade. :)
Alguém+ neste mar de gente, nem eu!
Mas reafirmo o gosto. Bjo
Sofia, cardápio registado.
E o resto são cantigas...
Obrigado! :)
I, é preciso SENTIR. ;)
Obrigado pelo destino.
Anderson Fabiano,
... generoso, simpático.
Agradeço e mais retribuo!
S*, redescobrir a mesma. :))
belo texto, viver para sermos felizes :D beijo
É mesmo né, naquilo que realmente importa na vida, o tempo não se interpõe.
Adorei o texto, que me encheu de felicidade.... hidramática!
Lindo, fico sempre sem saber o que dizer quando venho aqui, só que adoro.
bj
E novidades, há? Já vi que não.
Vem p`ráqui um gajo a pensar que ia encontrar um post todo catito e o que vê? Um blogue de férias e compridas p`ra xuxu...
Fábio Paulos, belo caminhar.
Bem-vindo ao blogue!
Bjo
Walkyria Rennó Suleiman, faz mais quem quer do que quem pode. Grata pela análise - poderosa! [:))]
M, daí a dica deixada no topo desta caixa. É deixares a alma teclar... Adoro que adores! [:P] Bjo
Lynce, "À felicidade pouco importa o tempo." - só tu para me fazeres citar...me? [:D] Actualização superada!!!!
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