As linhas rectas são sensaboronas e o livro emprestado entediante. Gosto de pontapear os pontos finais sobre as curvas: chutar para canto o “the end”, derreter a coroa da princesa no corpo apetecível do vilão, passar a bola da castidade ao príncipe e gritar-lhe da longa vida ao ouvido, tomar de assalto o corpete mais vistoso lá do sítio e partilhar nele os meus atributos com a felicidade eterna do último parágrafo e uma chávena de café quente. O café, não a chávena. Perguntavam-me no outro dia se eu desejava café curto ou normal. Anuí na loucura oferecida e sorvi da intensidade... três chávenas seguidas. Tão quadradas e deslavadas como a armação na cara de contentamento de quem me serviu. O café sabe sempre a pouco e nós cegos quando queremos – pago o normal e retribuo sorriso pelas linhas extra. São apêndice bom numa qualquer tertúlia com pensamento perpendicular em mesa redonda. Opinar o fim do livro. Desventurosa a página arrancada à felicidade por empréstimo. E a princesa que nunca bebeu café quente na vida. E a bola do príncipe que soma parágrafos sem chuto. Mea culpa no assassinato literário. Mas este corpete, olha lá... é condenação gratuita: fica-me a matar! Gosto. Dos que escrevem amor sem saber como tocar ao coração. Nas curvas nos encontramos e sobre as mesmas nos amamos. Entrego os pontos. Tempera os finais. Escrevamos livros sem exemplo nem exemplares. E brindemos o “to be continued...” com alegria e uma chávena de café quente. O café e a chávena.
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Aos leitores que estão a registar dificuldades na actualização do blogue.
Obrigado pelo interesse e pela resolução manifestados nos comentários.
12 comentários:
É a fina camada de erotismo não explícito que me faz deliciar ao ler os teus textos! Uma simples peça (simples? hm...) como um corpete e faz toda a diferença, com ou sem café! Mas quente, por favor!!!!
Qse escrevam livros e textos e palavras soltas sem exemplo nem exemplares! Brindaremos todos com todo o agrado! Um beberei de um trago. Glup.
Que escalde por nós adentro, saboreado, deglutido, perverso na maneira como quer transbordar cá para fora, escapando-se ao corpete e aos pontos finais.
Que nos escalde esse "to be continued", que nos queime e nos consuma em posts como este.
Se quente o café, mais escaldante a cavaqueira feminina. Caríssimas, que se lixe o corpete: brindo-vos!
Nota: malha boa no falar e no vestir.
Just in case... eh eh eh
Ousemos, sejamos mais, melhores e mais fortes.
Que a marginalidade do texto continue aquecida com metáforas e, sem pontos de reticências, sejamos contra-lei; que continuemos quentes, na xícara diária que fumega prazer e, também, na alma delirante e voluptuosa (com ou sem peças imaginárias). Beijos hot
Nas curvas nos encontramos e sobre as mesmas nos amamos.
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As curvas são ondulantes. E é bom desfrutar nas curvas.
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Felicidades
Manuel
Subscrevo o grito e brindo a vossa leitura - se é bom, bebamos. Todos!
Lembrei-me de uma canção que diz "nothing really ends, no one can prove it"! E tu, blogadinha, nunca acabas, bebe-se o café, olha-se para o fundo e o que há: a never ending story! Brilhante, as usual :-)
È bom arriscar, principalmente com uma chávena de café bem quente: adorei linda. bj
What a BEAUTIFUL blog!!!
praqueles que escrevem amor sem saber como tocar ao coração, uma chávena bem quente, sem nada dentro. apenas pontos finais, sem direito a "to be continued"
meu carinho,
anderson fabiano
I, senti-me um fortune cookie! :)
E ironia: a sorte é toda minha.
Obrigado pelas palavras.
M, sopra, sopra!
Arriscar, com ou sem café.
Bjo
Harry Goaz,
Thanks! Welcome :)
Anderson Fabiano,
O que hoje não sabemos, amanhã bebemos - escrever sempre. Seja bem regressado ao blogue! Abraço!
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